Terapia de reposição hormonal na menopausa é segura para mulheres com risco cardiovascular, revela diretriz brasileira.
Uma nova diretriz sobre terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa estabelece que o tratamento é seguro para mulheres com fatores de risco para doenças cardiovasculares e até mesmo histórico desses quadros.
A sua versão anterior, publicada em 2011, contraindicava a TRH para esse grupo de pessoas. Até então, acreditava-se que o tratamento aumentava o risco cardiovascular. De lá para cá, no entanto, medicamentos e vias de administração surgiram, tornando a terapia mais segura.
A partir da menopausa, o risco de doenças cardiovasculares , como infarto e o acidente vascular cerebral e a mortalidade associada a eles aumenta entre as mulheres. Sem o estrogênio, reduzido no fim da vida reprodutiva, cai a elasticidade dos vasos sanguíneos, há um envelhecimento vascular e a inflamação celular. Ao mesmo tempo, colesterol e triglicérides se elevam, junto com a gordura visceral na região abdominal. Está formado o combo para as doenças cardiovasculares.
Antigamente, acreditava-se que, se a pessoa perde estrogênio e o risco cardiovascular aumenta, bastava repor o hormônio para, assim, diminuir a probabilidade de uma doença do coração e nos vasos sanguíneos. Porém, estudos na década de 2000 mostraram que essa correlação não acontece na prática.
As últimas pesquisas demonstraram que a TRH não aumenta o risco cardiovascular, tampouco o reduz. A terapia de reposição hormonal da menopausa não serve para prevenir doenças cardiovasculares em quem não tem a doença ou em quem já teve.
O tratamento, na verdade, ajuda a diminuir os sintomas indiretamente, melhorando a qualidade de vida da mulher.
A mudança decisiva para a nova diretriz ocorreu depois que novas vias de administração da TRH foram criadas. Até pouco tempo atrás, só existiam medicamentos orais, que precisam, necessariamente, ser metabolizados pelo fígado. A partir da criação das formulações transdérmicas e vaginais, uma pessoa que já teve infarto ou AVC e está sintomática, por exemplo, pode usar uma droga na forma de creme vaginal e reduzir sintomas como ressecamento. Fórmulas com doses baixas hormonais não caem na corrente sanguínea e não aumentam o risco de uma moléstia no coração ou nos vasos sanguíneos.
Estima-se que 75% das mulheres cheguem à menopausa com algum fator de risco cardiovascular. O mais comum é a hipertensão. Mas, se a doença está controlada, a pessoa pode fazer reposição, porque a dose de hormônio no creme vaginal é muito pequena.
Portanto, é preciso escolher a droga certa e recalcular o risco periodicamente, por meio de exames complementares semestrais ou anuais, dependendo da paciente.